parque de estacionamento da caldeiroa

portugal, guimarães, serviços

O programa podia resumir-se sucintamente como um edifico com três pisos úteis, cobertura ajardinada e acessível, dotado de ventilação e desenfumagem natural que albergaria 500 lugares de estacionamento coberto, e estabelecia adicionalmente um conjunto de parâmetros funcionais e urbanísticos, determinando as acessibilidades a que deveriam ser consideradas.

O quarteirão para onde se realizou este projecto situa-se à ilharga das zonas “nobres” da cidade histórica, isto é, da cidade intramuros e da sua grande praça exterior – o Toural.

Temos hoje, este quarteirão conformado sobretudo pelo edificado correspondente às Ruas de Camões e da Caldeiroa mas também pelo acidente geográfico que constitui o Ribeiro de Couros e a ocupação que este suscitou no momento em que a cidade incorpora novas actividades produtivas com a implantação dos edifícios industriais nos finais do séc. XIX princípios do séc. XX.

A questão do património existente e da integração dos novos programas em zonas históricas consolidadas teria que ser tema central desta intervenção, e claro, teria de se operar sobre valores de integração e património, palavras e conceitos geradores de tantos equívocos e produtores de realidades virtuais carregadas de subjectividade.

 

 

 

Assim quando falamos de reabilitação e reconversão falamos, é este o significado das palavras, de reparar e renovar no primeiro caso e de transformar no segundo.

Assim o projecto propõe em simultâneo ser activo nestas três frentes, escolhendo criteriosamente aquilo que é possível reparar, aquilo que se deve renovar e aceitando que necessariamente outras coisas se devem transformar, pois decorrem da necessidade de cumprir as exigências do programa de concurso mas também da necessidade da sustentabilidade futura dos vários edifícios.

Importante no desenvolvimento deste projecto, para além dos princípios já referidos, foi a tentativa de produzir uma solução clara e facilmente perceptível pelos futuros utilizadores.

Isso resultou na criação de uma nova rede de atravessamentos pedonais pelo interior do quarteirão, mas também da reposição dos pequenos caminhos existentes ao longo do tardoz dos lotes e que procuram em conjunto garantir a utilização e usufruto pleno dos espaços públicos.

Propôs-se ainda que a parte visível do edifício fosse modesta nunca ultrapassando os dois pisos acima do terreno natural, reforçando a solução volumétrica pela criação de fachadas que se materializam num sistema de grelha em aço corten, que mantendo as necessárias analogias com as construções industriais tradicionais, garantissem a necessária permeabilidade ao ar e à luz, cumprindo assim o pressuposto funcional de sustentabilidade previsto no programa.

Procurou-se, em síntese, uma intervenção que não fosse mimética relativamente ao existente, que fosse desassombrada relativamente ao contexto da área de intervenção, que potenciasse o desejado efeito indutor que conduza à reconversão dos logradouros privados, mas fosse transformadora e portanto suscitasse também no domínio privado algumas soluções e propostas menos convencionais, isto, apesar de não acreditarmos muito na capacidade redentora da arquitectura.

localização
Guimarães, Portugal

data
2013

conclusão da obra
2019

área
15000 m2

colaboradores
João Couto
André Malheiro
João Carvalho
Hélio Pinto

fotografia
João Morgado

fundações e estruturas
Projegui

instalações hidráulicas
Projegui

instalações mecânicas
Layout

instalações eléctricas
Feris