hospital privado terra quente

portugal, serviços

O terreno para o novo Hospital da Terra Quente situa-se dentro do perímetro urbano, junto da estação de caminho de ferro e da central de camionagem, e na proximidade um conjunto de equipamentos recentes, promovidos quer pela CMM, como sejam o Complexo de Piscinas, quer por entidades particulares como, por exemplo, o Instituto Piaget. O Terreno, situado em cota alta, numa posição sobranceira relativamente à cidade, podendo descrever-se como uma plataforma que era ocupado por uma antiga fábrica de adubos, decorrente de um corte da encosta a sul, onde está implantado um conjunto de edifícios de habitação colectiva, numa cota superior. O critério de implantação condicionou também a volumetria do edifício e a sua distribuição por dois volumes claramente perceptíveis – um volume mais recortado, que varia entre um e dois pisos, desenvolvendo-se ao longo da maior dimensão do terreno, a que se sobrepõem dois volumes colocados de forma longitudinal e que acolhem as zonas de consultas, bloco cirúrgico e internamento, cuidados continuados e residência sénior, para além das indispensáveis áreas técnicas.

O programa do novo Hospital contempla um conjunto de serviços diversificados e complementares, procurando dar resposta às necessidades pressentidas localmente, mas funcionando em rede com outros equipamentos similares que, pela proximidade, poderão responder em regime de complementaridade e com isto alargar a oferta dos serviços de saúde considerados. Para além da valência hospitalar, dispõe de uma unidade de cuidados continuados e uma residência sénior, esta colocada nos dois pisos superiores do edifício, com um acesso independente do hospital. Para além disso, coloca-se imediatamente abaixo desta áreas, a zona de internamento e, no piso 2, a área da consulta externa e bloco operatório, destinando-se o piso 1 à fisioterapia e zona técnica para a sub-estação do referido bloco operatório. Os restantes espaços colocados no piso 0, onde se fazem os acessos principais, são destinados, naturalmente, a algumas áreas complementares como seja, o atendimento permanente, dando-se a ênfase necessária aos meios complementares de diagnóstico traduzidos nos serviços de imagiologia, à área de consulta destinada a pediatria e ginecologia/obstetrícia. O programa considerou ainda as necessárias zonas administrativas, de acesso principal, atendimento e utilização publica – restaurante, zonas de estar e comércio – assim como de todas as áreas de apoio e técnicas, fundamentais ao seu funcionamento.

A concretização deste programa traduziu-se numa volumetria aparente distribuída por dois corpos, como foi atrás referido, a que se soma um outro, não aparente e que acolhe sobretudo as áreas de apoio e técnicas. Procurou-se que as circulações internas e externas se pautassem pela máxima clareza e correspondessem também aos princípios de simplicidade compositiva que dão forma todo o projecto. Em termos genéricos, poderemos descrever o edifício como estando estruturado com um corpo principal constituindo a base que suporta o volume superior em quatro pisos e um recuado, existindo entre estes dois corpos, um quinto piso onde se situa a zona técnica que fará a transição volumétrica para o corpo superior. Todos eles servidos por percursos horizontais e lineares, unificados por circulações verticais constituídas por escadas e elevadores.

Importante será sempre a forma final e a expressão arquitectónica do edifício, isto é, a forma como será perceptível pelos utentes – do próprio edifício, da cidade e do território – e portanto como estes avaliarão a sua imagem. Assim, e como prioridade, pensamos que o edifício deveria assumir uma linguagem, escala e carácter eminentemente público, e portanto, único e claramente identificável. Isto traduz-se numa volumetria compacta e de formulação clara com óbvios reflexos nos materiais de revestimento e com um tratamento e expressão das fachadas que contribuísse para esse objectivo de individualizar o Hospital da Terra Quente do contexto edificado, transformando-o num elemento de referência no contexto urbano. Se numa primeira abordagem o edifício aparenta dividir-se nos já referidos volumes – inferiores e superior – correspondentes aos diferentes conteúdos programáticos, o tratamento e revestimento das fachadas com acabamento em betão aparente de tonalidade obviamente uniforme, concretiza a tentativa de unificar e diminuir a tensão existente entre os volumes que compõem o embasamento. Isto é reforçado com um revestimento das fachadas do volume superior com chapa canelada pré lacada e pelas criação de linhas de vidro contínuas envolventes do edifício decorrentes da ligação entre a fenestração com panos de vidro que, aligeirando e tornando mais “vibrante” essa dimensão, lhe retirará muito do impacto correspondente à volumetria. Procura-se assim que, o edifício possa ser perceptível e identificável a partir de vias de carácter regional configurando-o desde logo como um equipamento desse nível. A formulação arquitectónica e resolução funcional do programa fornecido admite, no futuro, a reconfiguração do edifício com adição de módulos similares na sua estrutura compositiva e volumétrica, nomeadamente para o sector poente. Assegura-se portanto a versatilidade necessária da forma proposta deixando-a aberta a caminhos que podem contemplar seu desenvolvimento.

Os processos construtivo e estrutural andam a par tendo-se optado por uma estrutura em betão armado, com lajes maciças – alternativamente lajes fungiformes – suportadas por pilares e pelas paredes exteriores em betão armado ou em blocos cerâmicos de termoargila que, depois de aplicado o isolamento térmico e conjuntamente com os revestimentos exteriores formam o sistema construtivo das fachadas.

Os materiais de acabamento exterior acabamento em betão aparente, chapa canelada e vidro, para além dos factores apontados, foram escolhidos pela sua durabilidade e capacidade de envelhecimento mas também por permitirem concretizar um processo construtivo – fachada ventilada – que assegura conjuntamente com as soluções técnicas de outras especialidades a conveniente economia energética do edifício. Para divisão dos espaços interiores optou-se por executar todas as paredes em placas de gesso cartonado. Assegura-se com este sistema a necessária compatibilidade entre os vários tipos previstos de isolamento acústico, quer no isolamento entre compartimentos quer no seu condicionamento interno., bem como, uma grande agilidade de processos em caso de alterações pontuais necessárias.

localização
Mirandela, Portugal

data
2009

área
15 800m2

 

colaboradores
Fernando Torres
Marlene Sousa
Mariana Paiva
Francisco Oliveira
Hélio Pinto

fotografia
João Morgado

fundações e estruturas
Projegui

instalações hidráulicas
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instalações mecânicas
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gases medicinais
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instalações eléctricas e rede de dados
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segurança contra incêndios
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