reabilitação do edifício do antigo Teatro Jordão e Garagem Avenida

cultural, guimarães, reabilitação, serviços

O Teatro Jordão, – assim é conhecido o edifício que albergou ao longo da sua vida também o “Restaurante Jordão” no piso inferior, foi construído nos anos 30 e corresponde em termos programáticos ao programa típico dos Cineteatros, de que existem muitos e variados exemplos em todo o país, possibilitando a realização de peças teatrais para as companhias itinerantes que existiam à época, fornecendo sobretudo o espaço para o Cinema, introduzindo um dos itens da “modernidade” em contextos urbanos muito incipientes.

Associa-se assim neste edifício, à sua função explícita um outro conteúdo, de carácter simbólico que adquiriu e manteve primordial importância. É nesta dicotomia, entre a funcionalidade do edifício e os valores a ele associados que se materializa a memória do edifício. Se a sua função se perdeu com o tempo – a sala de cinema foi desativada e o restaurante fechado – e a construção se degradou, a volumetria e uma imagem de modernidade traduzida nas fachadas viradas à Avenida D. Afonso Henriques, constituem, hoje, a única memória objetiva de todo o conjunto edificado.

Essa memória, uma construção granítica e opaca, deverá permanecer como terceiro referencial do projeto, autonomizando formal e volumetricamente todos os elementos que constituam intervenção nova. Assim deve permanecer essa memória física e real entendida como património a preservar.

A preservação do património está ligada a um critério de utilidade entendida aqui no seu sentido mais lato, aceitando que a reconversão funcional do edifício supõe a sua transformação. Adicionalmente o programa comporta também a reabilitação do edifício da “Auto Garagem Avenida”, edifício da mesma época, e que se traduz na sua fachada principal, num dos melhores exemplos de uma estética Art Deco construídos em Guimarães.

O novo programa proposto, Escola de Artes Performativas, Escola de Artes Visuais, Escola de Música e Espaço de Auditório resultante da reconversão da sala do Teatro Jordão, dividido por várias entidades autónomas, com atividades similares, mas independentes, foi condicionante decisiva para o novo desenho do edifício.

O Auditório autónomo e independente, complementa funcionalmente as valências maiores, escola de música, a escola de artes performativas e a escola de artes visuais, garantindo o funcionamento independente que pode acolher atividades exteriores e diversificadas. O auditório (destinado à dança, música e congressos, etc.) foi desenhado como sala multifuncional, permitindo a sua reconfiguração e adaptação aos vários eventos propostos. Qualquer entendimento do património destes edifícios, deste sítio e desta cidade comporta uma carga interpretativa, pessoal e subjetiva. Assim também uma política de recuperação e salvaguarda do património, mesmo validada por uma prática consistente e continuada, significa uma opção que permanentemente deve ser cotejada pelo contexto de cada intervenção.

O projeto tem como fim último a preservação de um património, e pretende colocá-lo no âmbito da reabilitação e da reconversão, não com uma lógica de preservação integral da realidade física e arquitetónica do edifício do Teatro Jordão e da Auto Garagem Avenida, mas antes considera como inevitável a sua transformação, alocando ao edifício um programa inequivocamente ligado conceptualmente àquele que foi adotado para a Zona de Couros. E quando falamos de reabilitação e reconversão, falamos de reparar e renovar no primeiro caso e de transformar no segundo.

localização
Guimarães, Portugal

data
2016 – 2022

área
12 400 m2

colaboradores
André Malheiro
Isabel Rodrigues
Tiago Ranhada
Hélio Pinto
João Couto
João Carvalho
Luís Guimarães
Gonçalo Vasconcelos

fotografia
Pitágoras Group
José Campos
João Rey

fundações e estruturas
Projegui

instalações hidráulicas
Projegui

instalações mecânicas
Layout

instalações eléctricas e segurança
Feris

acústica
Vasco Peixoto de Freitas

mecânica de cena, iluminação cénica, som e vídeo
Ernesto Costa